UM LUGAR-COMUM
Tá: eu sei, perfeitamente, que é lugar-comum.
Mas,
hoje em dia, me alinho entre quem acredita que a vida seria mais fácil, se a gente já nascesse sabendo muitas das
coisas que só vai descobrir depois de ter vivido um bocado: é vivendo e aprendendo.
Agora, notem que eu disse "mais fácil"; não "melhor", ou "mais divertida". Nem sempre,
o mais fácil é o melhor. Às vezes, os caminhos que parecem mais fáceis são os mais cheios de armadilhas.
Aliás, essa é uma das coisas que a gente aprende com a vida; à medida que
envelhecemos, vamos aprendendo a evitar os atalhos e preferindo os caminhos
mais longos e difíceis, porém mais seguros.
Vivendo,
descobri que o maior encanto da vida é exatamente não sabermos o futuro: cada
cortina que descerramos, nos mostra uma nova parte do mundo; mais um pouco das
pessoas e de nós mesmos.
A graça de viver é experimentar; é ter coragem de arriscar, para acertar ou errar.
Afinal de contas, pouco importa: o acerto pode ser apenas a porta para um erro,
e cada erro nos ensina o acerto de amanhã.
Muitas
pessoas procuram videntes: cartomantes, jogadores de búzios, leitores de bolas
de cristal e outros, charlatões ou não, na ânsia de conhecer o futuro. Mas a
pergunta que me faço, é: para que saber?
Acredito
no livre-arbítrio e na possibilidade de, em cada dia, modificarmos o nosso
destino; e, com ele, o nosso futuro. Acho que esta é nossa maior liberdade, mas,
também, a nossa maior responsabilidade.
Que
graça haveria em viver, se tudo já nos fosse determinado ou planejado antes? Se
de nada adiantassem as nossas ações e decisões? Para que vir ao mundo, se nada fôssemos além de marionetes?
São estas as perguntas que me faço. E todas elas me levam a crer que somos, sim, os
responsáveis por nós mesmos. Não sei aonde – ou se – iremos, depois do último dia; mas podemos viver bem, até ele.
O
presente: isto é tudo que temos. Melhor dizendo: nada temos, senão o momento; e
tudo que podemos fazer é vivê-lo, da melhor forma possível. Só existe agora;
nem antes e muito menos depois.
E isto é o que mais me seduz, na vida: não sabemos o futuro, até porque ele ainda
não existe. Depende de nós, do que fazemos agora, o que virá depois; não há
como saber o que será, antes que seja.
O
nosso desejo de conhecer o futuro não é outra coisa, senão a vontade que temos
de controlar tudo; e a verdade é que nada controlamos: nem as pessoas, nem as
coisas e nem sequer a nossa vida.
Eu já tenho um bom tempo de estrada: o suficiente para cometer muitos erros; e bem
sei que os cometi. Entretanto, também tive os meus acertos; e estou satisfeito
com os resultados que obtive de ambos.
Aprendi a viver cada dia, e aguardar em paz o balanço final.



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