TEMPOS ESTRANHOS
Vivemos tempos estranhos.
Não sei se devido apenas à
polarização da política em nosso País, que transformou a escolha entre as
ideologias em uma espécie de jogo de futebol, onde cada um torce pela vitória
do seu time.
Aqui, hoje, tudo parece ocorrer em
função dessa disputa. Patriotismo deixou de ser o amor à Pátria e
transformou-se no amor a pessoas, a candidatos; cometem-se absurdos, em nome da
vitória.
Essa disputa ocorre todos os
dias, em todas as frentes: cresce a discussão em torno das armas, dos impostos,
dos escândalos em ambos os lados; rolam fakes e ofensas mútuas, em redes
sociais.
Louva-se a submissão a outros
países, a renúncia à soberania. Desfraldam-se bandeiras estrangeiras nas ruas e
no Congresso: EUA e Israel, entre outras; repetem-se motes em outros idiomas.
Cada um aplaude as atitudes
dos seus representantes, por mais absurdas que sejam. É como se os fins
justificassem os meios; não importam os atos, apenas que as ideias consigam ser vencedoras.
A escalada da loucura
prossegue, num crescendo. Chegou-se ao ponto de defender que um deputado federal,
eleito por brasileiros, receba (polpudo) salário para trabalhar contra o
próprio País.
Hoje, tudo acontece em nome de
ideologias. É como se o mundo se dividisse em direita x esquerda; quase uma
reedição dos tempos da guerra fria, mas muito mais encarniçada e inconsequente.
Aplaude-se a mortandade em
Gaza, ou na Ucrânia; um vento de loucura parece varrer não apenas o Brasil, mas
todo o mundo. E as ideologias reinam, soberanas, sobre pessoas desumanizadas.
Já não lamentamos os mortos;
apenas computamos os números. Não pensamos, sequer por um minuto, no sofrimento
das crianças que perdem os pais; ou dos pais que ficam sem os filhos.
Pessoas viram estatísticas; e,
neste processo, também nos tornamos um pouco menos pessoas. Palavras como
solidariedade, empatia e caridade empalidecem e parecem fazer menos sentido que
antes.
É como se a globalização
tivesse unido os homens, para serem ainda mais desunidos. Em paralelo aumentam
os feminicídios, o consumo de drogas, o corrupção, os crimes e a violência em
si.
As manifestações, a favor de
ambos os lados, são cada vez mais frequentes; infelizmente, não temos discursos
de amor, mas de ódio. Os oradores não pregam a compreensão, mas a desunião.
Famílias se dividem, amizades
são rompidas, ressentimentos nascem todos os dias. É como se momentos de união
fossem esquecidos, em nome das diferenças ideológicas; da vaidade de "estar
certo".
Com certeza, tempos estranhos.
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