O SUPER-HOMEM BIZARRO


Há quase 30 anos, trabalho com marketing político; mas não falo de política, aqui no blog.

E não pretendo começar agora. Sou sensato o suficiente para não entrar nessa contenda absurda, entre Bolsonaro e Lula, que vem dividindo o Brasil há um bom tempo... e não mostra sinais de terminar tão cedo.

Vou direto, portanto, ao motivo desta postagem; que tem algo a ver com saudosismo. Tirando a Rô, que é muito novinha, algum dos meus amigos menos jovens chegou a ser fã das revistinhas do Superman?

Eu era. E lembro-me de que, entre os vários personagens, havia o Super-Homem Bizarro. Era igual ao Super, com os mesmos poderes e tudo mais; só vivia em um mundo bizarro, onde tudo era o inverso do nosso.

No mundo bizarro, policiais assaltam e bandidos são do bem; crianças e idosos são maltratados. Tudo lá é ao contrário, inclusive o Super-Homem Bizarro, que defende a injustiça, a desordem e a falta de liberdade.

Vendo, hoje em dia, o Donald Trump, não há como não me lembrar desse personagem; é como se, de repente, ele ganhasse existência real, invadindo a nossa vida e o nosso mundo. Sensação bizarra!

De novo, um lance de saudosismo: fui criado em um tempo sem telex, teletipo, fax; muito menos internet. Naquele tempo, a nossa maior referência de cultura global era a Revista Seleções do Reader's Digest.

Ainda existe hoje, acredito. Trazia reportagens, artigos, contos e até mesmo romances de autores do mundo todo; tudo condensado, em português corrente e palavras fáceis. Como caldo de cana: só engolir.

Eu e muitos outros garotos víamos a revista como uma vitrine real dos EUA: a terra da liberdade, onde a democracia reinava soberana, com oportunidades iguais para todos; direito de ter opinião, justiça e vida.

Quando cresci, essa imagem foi ofuscada por episódios como a guerra do Vietnã, com napalm, estupros, torturas. Baía dos Porcos, Watergate, Guantánamo, assassinato de Kennedy e mais coisas assim.

Mas é muito difícil renunciar às velhas ilusões; isso tem sustentado mitos como o Eldorado, a Fonte da Juventude e outros. Uma parte de mim continuava a ver os EUA como guardiões do mundo livre.

Aí vem o Trump, com a cruzada contra a liberdade. O muro do México, investida sobre o Canadá, ocupação de Washington e outras maluquices. E, agora, investe contra o Brasil, para "ajudar alguém que conhece".

Não vou, aqui, debater a nossa política interna; acho incrível e mais relevante a prepotência de um louco, que quer decidir o rumo de outro país, apenas na base da força. Como se retornássemos à idade da pedra.

Hoje, ele quer interferir no Brasil. E, se dobrarmos a espinha e o deixarmos fazer o que quer, quem será a próxima vítima? A quantos países mais ele tentará impor a sua vontade, como se fosse o Imperador do Mundo?

É o verdadeiro Super-Homem Bizarro!

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Comentários

  1. Ótimo texto! Uma clara visão do que realmente está acontecendo entre o Brasil e os EUA.

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