GENTILEZA E AMARGURA

 

Pessoas existem, que são gentis.

Espalham, ao seu redor, palavras corteses e sentimentos agradáveis. Assim fazendo é como se semeassem flores, ao longo do caminho que percorrem, perfumando o ar e embelezando a jornada.

Mas existem outras que são amargas; nada oferecem senão críticas ou ofensas, distribuindo amargura e a insatisfação à sua volta. Procedem como se plantassem espinhos, por onde caminham.

Certo é que não nos cabe criticar ou elogiar umas ou outras. Afinal, ninguém dá senão do que lhe sobra; e cada um tem o direito de semear o que deseja, porque é a ele mesmo que caberá fazer a colheita.

Cada pessoa tem o seu próprio jeito de ser e de pensar; a sua própria maneira de ser feliz. Não temos a prerrogativa de julgar alguém, até porque não conhecemos as suas ideias e os seus motivos.

Porém, o homem recebe de volta o que entrega às pessoas que o cercam. Como espelhos, refletimos o que se passa ao nosso redor; e ninguém espere receber flores daquele a quem oferece apenas espinhos.

Espalhemos a gentileza; tratemos bem, para sermos bem tratados. Esta é uma das lições que aprendi, ao longo dos anos; graças a ela, tenho feito diversos amigos e conservado a maioria dos antigos.

Aprendi a retribuir as gentilezas que recebo, e procuro não fazer o mesmo com as grosserias; embora confesse que, às vezes, não dá para deixar passar em branco. Mas, pelo menos, tento segurar um pouco.

Em quase todos os momentos, as escolhas são nossas; e, se assim é, não nos podemos queixar dos seus resultados. A quem escolheu as sementes, não cabe o direito de reclamar dos frutos que irá colher.

Sim: é certo que também as circunstâncias do momento influenciam as nossas escolhas. Mas não é exatamente nisto, que consiste o aprendizado? Que mérito há na escolha acertada, se for a única possível?

Eu vos pergunto: merece algum louvor a inocência, que é apenas o resultado da ignorância? Ou o verdadeiro mérito reside na virtude, que só nos encontra após o aprendizado árduo de resistir às tentações?

Escolhemos o que iremos cultivar, em nossos corações; e por isto não podemos reclamar do que colhemos, ao longo da estrada. Precisamos aprender que a colheita é apenas o produto da semeadura.

Acredito, portanto, que o mais sensato é escolher a gentileza: assim, mais leve será a nossa caminhada; e o tempo que passa não poderá espalhar, à nossa volta, os espinhos amargos e dolorosos da solidão.

Sejamos gentis. E será mais fácil sermos felizes!

Vídeo