FELIZ PÁSCOA!

 

Mais uma vez, chega a Páscoa.

Mais uma vez, vamos trocar ovos de chocolate, falar de renascimento, amor e paz. Assim como no Natal falamos de Deus e de Cristo, trocamos presentes, enfeitamos as nossas casas, armamos nossos presépios e acendemos nossas árvores.

Enquanto isso, continuam a guerra na Ucrânia e o morticínio na Palestina; seguem as deportações nos Estados Unidos e as discussões políticas no Brasil; persistem as brigas e homicídios entre torcidas, as agressões e mortes e os feminicídios.  

É assim ano após ano, desde que sou menino; e já estou chegando aos 77. Falamos de amor, paz e fraternidade; de tolerância, compreensão e perdão. Essas palavras são constantes nas bocas e cada vez mais raras nos corações.

Hoje republiquei, n'O Árabe, um texto sobre a Páscoa, que escrevi em 2021, falando sobre a desunião e a incompreensão entre os seres humanos; sobre solidariedade, perdão de ofensas e tentativas para convivermos melhor.

O que me impressionou foi que não precisei modificar uma única palavra; e, se o tivesse feito, seria para torná-lo ainda mais incisivo. Parece que, quanto mais o tempo passa, as coisas se tornam piores aqui neste nosso mundinho velho.

Não sei quando se deu a primeira guerra entre os homens, e estou com preguiça de pesquisar no Google; mas tenho certeza de que foi há muito, muito tempo. E sou capaz de apostar que a primeira briga ocorreu com a primeira divergência.

Brigamos por tudo! Se alguém lembrar as Cruzadas, vai perceber que chegamos ao absurdo de nos matar em nome de Deus; ou de Alá. Como se pode matar em nome do Coração do Universo, que dizemos ser todo amor, paz e benevolência?!

Até parece que a violência é natural no homem; que, milhões de anos depois, ainda não conseguimos superar o animal em nós! As Cruzadas foram substituídas pela luta entre religiosos, mas ainda brigamos em nome de Deus!

A violência, cada vez mais, ganha as ruas e os campos de batalha. São as drogas, os assaltos, as agressões às minorias ou os assassinatos em brigas de trânsito. Somos prisioneiros do medo: de motoqueiros, de transeuntes, de tudo!

Enquanto brigamos, a ciência continua fazendo grandes avanços em todos os campos: a comunicação nos interliga, a medicina vence mais doenças e prolonga a vida. Entretanto, vivemos sós e morremos em episódios violentos.

Acho que já passou (e muito!) da hora de pensarmos seriamente sobre o assunto. Não por uma questão de religião; de bondade, ou de ganharmos o paraíso, mas simplesmente por inteligência, para que possamos viver melhor.

Porque ninguém é uma ilha; a verdade é que vivemos juntos, neste mundo. Fronteiras, idiomas, religiões, classes sociais, níveis escolares, são coisas que criamos, para organizar a convivência; e acabam nos afastando uns dos outros.

No fundo, somos todos irmãos; companheiros de viagem. E, quanto mais nos unirmos, melhor se tornará a jornada; um ajudando o outro, com certeza a viagem se tornará mais fácil e todos chegaremos mais longe, mais rapidamente.

Você também acha? Então... feliz Páscoa!

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