SE AVEXE, NÃO

Devemos ter a consciência de que somos finitos.

Porque é ela que nos faz perceber a dádiva da Vida; e a importância do tempo de que dispomos e se escoa. A cada minuto que passa, estamos mais próximos do fim; é preciso aproveitar o durante.

Não se trata de temer a morte, até porque de nada adiantaria. É uma questão de celebrar a vida; de aproveitar cada uma das maravilhas que ela nos oferece e, muitas vezes, nem chegamos a notar.

Envelhecer nos traz essa consciência. Dia a dia nos aproximamos do Portal do Desaparecimento, de onde embarcaremos para a Grande Viagem; depois dela, nada mais será como conhecemos.

Cada um tem uma opinião do que virá, conforme as suas próprias crenças. Mas a única certeza que temos é que não sabemos o que nos aguarda; e não faz diferença, pois nada podemos fazer.

Como diz a música: amanhã pode acontecer tudo, inclusive nada. Pode ou não ser o nosso último dia, nesta Terra; e, se for, podemos ou não continuar a existir. Mas não mais seremos os mesmos.

Portanto, se avexe não. Já que você nada pode fazer quanto ao depois, procure aproveitar o agora, o melhor que puder. Esteja consciente de que você não ficará aqui para sempre e use bem o tempo.

Pessoalmente, já estou procurando fazer isso. Esquentando menos a cabeça, deixando as preocupações de lado e me concentrando mais nos motivos que tenho para me sentir feliz e viver bem.

Também, estou tentando desapegar um pouco. Amando cada vez mais as pessoas que amo, mas procurando aceitar a certeza de que não poderão estar sempre ao meu lado e em breve terei que deixá-las.

Esta, confesso, é a parte mais difícil. Sou naturalmente apegado e, só de pensar em me separar de alguém, começo a sentir saudade; mas é justamente por isso, que preciso ir treinando desde agora.

Porque, caso a Vida continue depois da morte, se aqueles que amo estiverem bem eu serei feliz, esteja onde estiver; só precisarei lidar com a saudade, e para isto contarei com as boas lembranças.

Se avexe, não. Cada coisa vem a seu tempo e é preciso aprender a lidar com aquilo que você não pode mudar. Tenhamos consciência de que somos finitos e tudo que podemos fazer é viver a vida.

O que importa não é quanto tempo você tem de vida, mas o quanto você vive. Não é quantas emoções você sente, mas o quanto você sente cada uma dessas emoções; é quem você é, e como vive. 

Não se preocupe com o tempo, cuide de sentir e viver; esta é a lição da Vida. Veja que as rosas passam, mas a roseira continua; sempre surgem novos botões, que se abrem e um dia caem sobre o solo.

Onde se transformam em adubo para novas rosas.

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