A ESSÊNCIA DO SER
Sei que não me cabe ensinar.
Quero,
sim, o prazer de repartir com amigos algumas da coisas que a vida me ensinou,
ao longo de todos estes anos. E, ao fazê-lo, aprender mais com eles, em sua
companhia.
Porque, lembremos,
aquele que espalha perfume ao seu redor é o primeiro a sentir o seu aroma. E
nenhum homem é digno de ensinar, a menos que esteja sempre disposto a aprender.
Por isto,
não devemos procurar ou ouvir os que se intitulam mestres; estes atendem apenas
à sua própria vaidade. Quem, realmente, aprendeu alguma coisa, sabe que o
aprendizado é contínuo.
E
buscá-lo faz parte da sua essência; é o seu maior desejo. Pois de nada vale a
jornada que não traz conhecimentos ao viajante; assim como é inútil o livro
cujas páginas estão em branco.
Não devemos
dividir-nos entre mestres e discípulos; ou entre sacerdotes e crentes. Porque a
verdade é que somos ambos: o discípulo ensina ao mestre, e o crente é seu
verdadeiro sacerdote.
Em
verdade, posso dizer que nada nos cabe, senão viver cada dia como se fosse o
último; cuidando, entretanto, para que não venhamos a arrepender-nos, se por
acaso não o for.
Pois é
somente se assim fizermos, que desfrutaremos plenamente da Vida; e entenderemos
o seu sentido. E poderemos, dia a dia, descobrir a essência do Ser, em nosso
verdadeiro Eu.
Não vos
apressemos, contudo; porque o aprendizado é longo. E não nos preocupemos com
isso: cada vida não é senão a mais longa das nossas viagens; e o encanto está
no durante.
Costumamos
viajar ansiosos por chegar ao nosso destino. Mas recordemos que, na viagem da
vida o destino é o ponto final; ainda que reembarquemos, jamais voltaremos a
ser os mesmos.
Outros
serão os nossos trajes e objetivos; outra será a nossa bagagem e,
principalmente, outros serão os nossos companheiros de viagem. E nenhuma
lembrança teremos do passado.
Tenhamos
presente esta verdade: ainda que a Vida seja eterna, tudo em nós e ao nosso
redor será diferente. Não voltaremos a ver as mesmas paisagens, nem as pessoas
que agora nos cercam.
Voltamos,
então, ao que sempre tenho dito: ainda que a Vida seja eterna, cada vida é uma
só. E nada pode ser mais importante do que desfrutar o momento, que não teremos
de novo.
Esqueçamos,
pois, o nosso orgulho. As nossas birras e os nossos amuos; ou nos arrependeremos
de não o haver feito. Esta é uma das coisas que os anos desta vida me
conseguiram ensinar.
E faço
questão de repartir com vocês.
Mais um belo texto! Profundo e verdadeiro.
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