MY WAY

 

No dia em que escrevo este texto (10 de julho), completo 76 anos.

Coloquei a data, porque só vou postar nesta sexta-feira, dia 12/07. Sempre posto às sextas e, como todo mundo sabe, velho é sistemático.

Na verdade, nem sei porque estou escrevendo; talvez porque aniversário é um dia de nostalgia, e pode ser que eu esteja querendo lembrar um pouco do passado; de outros tempos felizes (ou não) e falar de mim.

Gostaria de escrever um texto bonito, como tantos outros que tenho lido: os autores falando do que aprenderam ao longo dos anos e dando conselhos aos mais jovens. Mas esta não é muito a minha praia.

Não posso falar do que aprendi, até porque em cada novo dia aprendo mais alguma coisa; e, à medida que a gente aprende, as opiniões mudam. Não quero dizer nada, hoje, que precise desdizer amanhã.

Tenho (ou tive) três irmãos; dois já se foram e me resta um. Por sorte, é o caçula e não tem quatro stents no coração; então, provavelmente, não terei que me despedir de mais um. E prefiro que assim seja.

O tempo passa; a gente vai ficando velho para despedidas. E, paradoxalmente, quanto mais se envelhece mais despedidas aparecem. É como dizia Machado de Assis: mais pessoas queridas vão partindo, e a gente vai ficando mais só.

Dos três irmãos, nenhum gêmeo. Nasci só; e, aliás, ainda que gêmeo houvesse, cada um de nós teria nascido só. Esta é a primeira (e também a última) lição que a vida nos ensina: todos nascemos e partimos sós; gêmeos ou não.

Agora, me ocorreu a ideia de que talvez esta lição seja para aprendermos a valorizar a companhia. Valorizar de verdade, bem dentro do nosso coração; porque o homem costuma sentir-se só, mesmo em meio a uma multidão.

Fui (ou venho sendo) um homem de poucos amores, mas todos intensamente vividos. O maior dos meus valores sempre foi o amor e por ele pautei o meu caminho. Sofri por ciúmes, fui feliz nos encontros e chorei nas separações.

Não sou, também, um homem de muitos amigos. Hoje os tenho mais no campo virtual do que no real; mas aos poucos que possuo, sou leal e gosto de pensar que sempre o fui. Quero bem aos meus amigos e deles me orgulho.

Aos amores que tive, sou grato; por bem ou por mal, cada um me ensinou alguma coisa, e pelo menos por algum tempo me fez acreditar na felicidade, embora o tempo os tenha levado e assim me mostrasse que tudo é um sonho.

Aos 76 anos, posso dizer que sou feliz; tanto quanto alguém pode ser e, é lógico, não por todo o tempo; ninguém o é. Mas, como canta o Elvis, tenho poucos arrependimentos dos meus erros e mais alegrias pelos meus acertos.

Agradeço a Deus todos os dias, seja Ele quem ou como for; tenho um conceito muito próprio de Deus, mas sei que Ele é muito bom comigo; e gosto de acreditar que tenho feito a minha parte durante esta caminhada, que talvez seja a única.

Estou bem. E orgulhoso do que sou e do que tenho; das vezes em que caí e fui capaz de levantar novamente. Gosto da vida que tive e tenho; do que sou e das pessoas que me cercam. Admiro, amo e tenho orgulho da mulher que está a meu lado.

E, como diz Elvis: “I did it my way”. 

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