PERDÃO PELOS AGRAVOS

Era o que você nos dizia, toda Sexta-Feira Santa, lembra?

Hoje, sem que nem porquê, essa frase voltou à minha cabeça. E me veio uma ideia: como o mundo seria melhor se, ao menos um dia por ano, nos dispuséssemos a perdoar e pedir perdão.

Seria, com certeza, um mundo melhor e mais livre. Porque o perdão, quando pedido ou concedido com sinceridade, liberta quem o pediu do remorso e do medo, e quem o deu do ódio e do rancor.

Não sei onde você aprendeu essa frase, mas acredito que tenha sido com seus pais; que, por sua vez, a aprenderam com os pais deles, e ela vem passando por gerações. Nem imagino desde quando.

Foi assim que você nos ensinou; nós (e você também!) a ensinamos a nossos filhos, e esperamos que eles a transmitam aos nossos netos. Porque, mãe, cada vez mais precisamos aprender a perdoar.

Sim: a cada dia que se passa, mais somos prisioneiros dos nossos medos e dos nossos rancores. Mais vemos mortes e sofrimentos que o homem inflige ao homem; enquanto fala de amor e Deus.

Dizemos que este é um “mundo cão”. Mas, na verdade, somos nós que o fazemos assim; aqui existem flores e pedras, lama e céu, montanhas e planícies; a cada um, cabe escolher o que prefere.

Chove muito aqui, hoje; como, acredito, em toda Semana Santa. E a sua presença fica mais forte em minha memória; chego a acreditar que, se fechar os olhos, sentirei os seus braços ao meu redor.

E preciso acreditar, mãe! Enquanto uma lágrima teimosa se forma em meu olho esquerdo e torna mais difícil escrever, por instantes consigo acreditar que você continua viva e a nosso lado, em doce milagre.

O pensamento me transporta para aquele tempo em que estávamos todos juntos, ao redor da mesa, entre risos e conversas felizes, numa atmosfera de fé, os corações aquecidos pela sensação de família.

Lembro dos dias de antes: a casa cheia, muita gente na sala e ao redor da mesa: um ambiente misto de gratidão e contrição por Jesus. São recordações que o tempo leva, e em dias assim voltam mais fortes.

Lembro de levar o vinho suave, que você tanto gostava. Nos últimos tempos, de ficar junto a você, sentado ao lado da cama, enquanto cada um bebericava o seu vinho, e falávamos das pequenas coisas da vida.

Obrigado por tudo, mãe! Onde você estiver, receba a minha saudade e a minha gratidão. Por tudo que você me deu, por tudo que você me ensinou. Obrigado pelas pequenas e grandes lições que me deixou.

Desculpe, se não consegui me tornar tudo aquilo que gostaria; sei que as mães sempre querem o melhor para os seus filhos. Mas saiba que você fez o melhor que pôde e eu continuo sempre a pensar em você.

Perdão pelos agravos, mãe. Eu amo você!

Vídeo.

(Não consigo pensar em outra música para este post.)

FELIZ PÁSCOA, AMIGOS!