AMAR É...

 

Lembra daqueles bonequinhos do "Amar é..."?

Aquele casalzinho engraçado, que foi uma febre, há alguns anos? Duas figurinhas simpáticas e ingênuas, sempre com uma frase sobre o amor?

Se não me engano, começou com um filme que todo mundo assistiu, na época: "Love Story". A protagonista dizia: "Amar é nunca ter que pedir perdão".

Primeiro, fizeram um desenho com essa frase. Diante do sucesso, vieram muitos desenhos e muitas frases legais, sobre diversas nuances do amor.

Eram tempos mais românticos, menos corridos. Tempos de mão na mão, olhos nos olhos, beijos no rosto e não necessariamente corpo no corpo.

Tempos de mais sonhos e menos sexo. De poesias e músicas sentimentais; de cartas e bilhetes de amor. Não existiam e-mails e mensagens no zap.

Hoje, vi na internet uma dessas figurinhas. Ela me levou ao passado e me fez perceber que, na verdade, o amor é complexo; é muitas coisas.

Mas, com certeza, não é liberdade. Ao contrário: é uma espécie de laço, que você não vê e lhe prende a alguém. Se você quer ser livre, desista de amar.

E, se você quer amar, desista de ser livre. Porque amar pressupõe um vínculo; dos mais fortes que existem. Para se livrar dele, você tem que deixar de amar.

Então, não me venha falar de amor e liberdade; isso é conversa de poetas que rimam amor com flor. E esquecem que, também, rima com dor.

Amor não é liberdade; é uma ligação entre pessoas, E não há como uma ser feliz, se a outra não o for. É a tentativa de buscarem, juntas, a felicidade.

Aprendi isso, ao longo dos anos. Muitas vezes contrariei e contrario a minha vontade, em favor de outra. E, confesso, não me incomodo muito com isso. 

Não me importo de ser o que mais ama. Este é o que mais cede, sempre; o outro, aquele que somente curte o lance, não é tão ligado no que venha a acontecer.

Amar é apenas amar. E, acredite, não importa o que você pense sobre o amor; a menos que ele chegue, alguma vez, ao seu próprio coração.

Já pensou em tentar explicar a um cego como é o nascer do sol? Ou a um surdo a magia da música? Assim seria explicar o amor, a quem nunca o conheceu.

Assim como explicar a amarga doçura da saudade, a inquietação da incerteza e a plenitude de sentir-se amado; a troca de sensações, em um simples beijo.  

Porque nada há, em qualquer um deles, que possa ser explicado; beleza, enlevo, alegria e tristeza existem somente para quem é capaz de sentí-los na alma.

E assim acontece ao amor, que é uma curiosa mistura de emoções e cria um elo invisível entre pessoas que, às vezes, há pouco nem se conheciam.

Sim: como diziam os bonequinhos, o amor é uma porção de coisas; um monte de sentimentos, às vezes contraditórios. Mas é entrega, e não liberdade.

De certa forma, é  renunciar à liberdade em busca da felicidade. 

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