ESQUELETOS NO ARMÁRIO

 

Gosto muito dos quadros de Dianne Dengel.

Se você ficou curioso, vale dar uma olhada no Google; as obras dela, retratando momentos comuns da vida, valem realmente a pena, porque são ótimas.

Mas, no caso deste quadro que ilustra o post, o que me interessa mais é a frase, que acho fantástica; e, com a imagem, nos oferece uma lição sobre a vida.

Pense na profundidade e no acerto desta sentença, aparentemente tão simples! Na verdade, somos ensinados, desde pequenos, a buscar quem nos complete.

Quer uma prova? Basta ver as expressões mais usadas: "cara-metade", "banda da laranja", "alma gêmea"; todas sugerem que somos incompletos, sem outrem.

Depois de muitos anos e alguns relacionamentos, acredito que não é assim. E digo mais: talvez essa suposição errônea seja uma causa dos erros afetivos.

Veja: essa ideia da "cara-metade" pressupõe a incompletude, a necessidade de alguém; e isso traz a sensação de dependência, a incapacidade de ser feliz só.

E, sinceramente, não acho que funcione desse jeito. Aprendi que cada um precisa se bastar sozinho; precisa ser completo, para que possa oferecer algo.

Entendeu o ponto? Você se alimenta com suas mãos, ganha o pão com seu suor, goza com seu corpo, pensa com a sua mente. Para que precisa de alguém?

Este é um raciocínio simples; mas, aí, vem o outro lado. Já se perguntou por que a maioria dos escaladores e mergulhadores prefere o sistema de duplas?

Até os policiais que patrulham as ruas costumam estar em duplas. Quantos ganhadores do Nobel pesquisaram em duplas? Por que existe um copiloto?

E a resposta é simples: porque assim fica mais fácil. Certo: sem dúvida é mais complicado, porque não depende só da sua vontade. Mas funciona melhor.

Assim também acontece na vida. Aprendi que você não precisa ter alguém ao seu lado, para ser feliz; mas fica mais fácil ser feliz, com alguém ao seu lado.

Aprendi que não deve existir dependência, mas entrega; sem medos ou cobranças. Qualquer pessoa abandona as muletas, ao encontrar o apoio de um braço.

E, com o tempo, aprende a caminhar só. Mas sente-se bem, ao encostar naquele braço; não porque precisa, mas simplesmente porque gosta da sensação.

É assim que deve ser. Como aqueles que se reúnem para um piquenique, as pessoas não devem querer saber o que a outra trouxe, mas o que têm a oferecer.

Porque, e esta é a diferença, ninguém deve depender de alguém para ser feliz; mas é muito bom saber que a companhia de alguém o faz ficar feliz.

Este é o que chamo "efeito Lego", ou "efeito Puzzle": as peças existem sozinhas, mas é quando se encaixam, que começam a construir algo. E assim é na vida.

Não é tão difícil. Mas é preciso ter a vivência para saber que você não é parte incompleta de um ser, mas alguém completo; que não procura a sua metade.

Só quer encontrar alguém que se encaixe com você.

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