E SE...?

 

Acho que todo mundo se pergunta, às vezes: “E se...?”.

E se eu tivesse nascido em outro lugar? Ou tomado outro caminho, em uma das esquinas da vida? E se eu não tivesse (ou tivesse) dado aquele beijo?

E se eu tivesse prosseguido na carreira militar, como meus pais queriam? Ou não tivesse deixado a segurança do emprego no Banco do Brasil, aos 35 anos?

E se eu não tivesse saído do primeiro casamento, ou entrado no primeiro casamento? E se eu não tivesse escolhido acreditar em outra união, depois?

E se eu não tivesse feito as besteiras que fiz, ou não conseguisse me recuperar delas? Se fizesse diferente, eu não teria passado os perrengues que passei?

E se alguém não tivesse saído para dar aquele passeio, ou aceitado aquele encontro? E se não tivesse resolvido se candidatar a aquele emprego?

Cada um de nós tem muitos “E se...?”, no passado. Momentos e decisões que mudaram nossas vidas; que influenciaram o então futuro, hoje presente.

Fica sempre a curiosidade, é claro; como teria sido, se tivéssemos feito diferente? Mas a verdade é que nada podemos mudar, do que já fizemos.

Os nossos “E se...?” e as decisões que tomamos nos trouxeram aqui; ao momento e ao ponto em que estamos. Questionar não vai mudar nada disso.

Cabe-nos, apenas, aceitar numa boa; ou lamentar as decisões que já tomamos e não podemos desfazer. E, todos sabemos, é melhor festejar do que chorar.

Pessoalmente, estou bem com o resultado dos meus “E se...?”; bem verdade que preferiria não ter feito algumas das coisas que fiz, mas já fiz.

E, se o hoje é produto do ontem, preciso dizer que vale a pena. Meus cabelos não estão brancos à toa, e nem sempre estou feliz; mas estou em paz.

Poderia estar melhor? Não sei... nem creio que alguém saiba. Para começo de conversa, o que seria “melhor”? Com mais dinheiro, mais alegria? Ou menos? Quem sabe?

Acho que valeu cada momento de angústia ou dúvida; e, também, cada instante de alegria ou prazer. Valeram os meus amores, meus amigos e meus adeuses.

Porque cada um deles me trouxe momentos especiais, de enlevo, esperança ou mágoa; e me ensinou algo, antes de deixar o meu caminho. 

Aprendi com os meus erros e acertos; percebi que os caminhos que parecem mais fáceis nem sempre o são, a médio e longo prazo. A vida é assim.

E – acreditem os mais jovens – este é justamente o seu maior encanto: a incerteza do que virá. Qual seria a graça do hoje, se soubéssemos o amanhã?

A cada dia, nos deparamos com novos “E se...?”; porque a vida se renova. E precisamos responder às suas perguntas, para termos as nossas respostas.

O tempo não volta. E as decisões que tomamos já se foram; com tudo de bom ou desagradável que nos trouxeram. Mas surgem sempre novas escolhas.

E a pergunta persiste em nós. Porque somos os filhos da vida, e nadamos no oceano do tempo, onde cada onda nos traz outra pergunta, que pede resposta.

E se...?

Vídeo